sexta-feira, 2 de maio de 2008

Redes de sementes se consolidam na amazônia de Mato Grosso


Rede da Bacia do Xingu

A agricultora assentada, Iolanda Dambros e Pablo Fernandes, engenheiro florestal, estão recém chegados de dois grandes eventos de redes de sementes. Pablo foi a São José do Xingu, participar do encontro promovido pelo Instituto Socioambiental (ISA). O encontro pretendeu criar os nós de uma rede de comercialização de sementes. No entorno do Parque Indígena do Xingu o Instituto Centro de Vida (ICV), o Grupo de Apoio e Proteção Ambiental (GAPA) e o STR de Lucas do Rio Verde serão esses nós que terão um cadastro de sementes e recomendarão os agricultores que possuem determinada semente. As atividades aconteceram no Centro Comunitário de Multiplo Uso em São José do Xingu e contaram com a presença de vários atores da campanha Y Ikatu Xingu (ICV, GAPA, STRLRV, STR de Água Boa). Houve uma oficina de coleta e germinação de sementes com o apoio dos povos Ykpeng e Kaiabi, do Xingu. Papru Ykpeng ensinou técnicas de rapel para escalada em árvores e coleta de sementes ainda nas copas.

Banco de Informações de Sementes

O II Encontro de Sementes Tradicionais da Amazônia aconteceu em Ouro Preto, Rondônia e reuniu todos os estados da amazônia legal, menos Roraima. Iolanda Dambros, assentada em Nova Mutum, MT, representou a região no encontro amazônico que aconteceu nos dias 23, 24 e 25 de abril.Os participantes apresentaram suas experiências, contaram de onde vêm e falaram das sementes que levaram para troca. No início de abril houve o encontro estadual em Pontes e Lacerda, Mato Grosso, realizado pelo GIAS (Grupo de Intercâmbio de Agricultura Sustentável) coordenado pela FASE (Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional). Lá representantes do assentamento Ribeirão Grande conheceram o BIS - Banco de Informações de Sementes. Os agricultores descreveram o banco que reune informações de onde se encontram sementes agrícolas usadas por comunidades tradicionais de toda a amazônia. Um grupo de mulheres chamadas de "animadoras" reúne dados sobre as sementes e sobre quem dispõe dessas sementes. De forma generosa e colaborativa as pessoas envolvidas levaram sementes para serem trocadas entre elas. "Junto com as sementes existem lendas, cantigas, hábitos alimentares, uma cultura que assegura a transmissão de conhecimentos que alicerçam a sustentabilidade" diz Pablo Marimon. As redes devem se ampliar e coexistir porque, nas palavras da Irmã Vera, da Comissão Pastoral da Terra "a semente tradicional é um instrumento de afirmação social que congrega fatores socioambientais culturais envolvendo as pessoas numa resistência consciente".

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