segunda-feira, 5 de maio de 2008

Caminhada para a terra marca a conquista de uma luta


Willian Gonçalves

Como a história bíblica, onde o povo de Israel caminhava incansavelmente em direção à terra prometida as famílias beneficiária do Projeto 30 de Novembro caminharam, nesse dia do trabalhadores, em direção a terra conquistada. A Caminhada para a terra, teve início na praça da Rosa Mística e percorreu mais de sete quilômetros até a sede da associação do Projeto 30 de Novembro. Durante toda a caminhada uma cruz de madeira foi levada pelos agricultores e agricultoras num ato de agradecimento por terem alcançado a vitória em meio a tantas dificuldades, enfrentadas durante a aprovação do projeto pelo Programa Nacional de Crédito Fundiário.

O projeto do crédito fundiário, que hoje leva o nome de 30 de Novembro, foi o primeiro projeto de agricultura familiar existente no município, uma luta do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lucas do Rio Verde. São exatamente trinta famílias beneficiadas com uma área 4,9 ha.

A Caminhada terminou com um culto ecumênico na sede da associação, onde católicos e protestantes oraram e rezaram juntos se igualando nas diferenças através da fé. A cruz carregada durante a caminhada foi fixada na sede marcando para sempre este bonito dia.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Redes de sementes se consolidam na amazônia de Mato Grosso


Rede da Bacia do Xingu

A agricultora assentada, Iolanda Dambros e Pablo Fernandes, engenheiro florestal, estão recém chegados de dois grandes eventos de redes de sementes. Pablo foi a São José do Xingu, participar do encontro promovido pelo Instituto Socioambiental (ISA). O encontro pretendeu criar os nós de uma rede de comercialização de sementes. No entorno do Parque Indígena do Xingu o Instituto Centro de Vida (ICV), o Grupo de Apoio e Proteção Ambiental (GAPA) e o STR de Lucas do Rio Verde serão esses nós que terão um cadastro de sementes e recomendarão os agricultores que possuem determinada semente. As atividades aconteceram no Centro Comunitário de Multiplo Uso em São José do Xingu e contaram com a presença de vários atores da campanha Y Ikatu Xingu (ICV, GAPA, STRLRV, STR de Água Boa). Houve uma oficina de coleta e germinação de sementes com o apoio dos povos Ykpeng e Kaiabi, do Xingu. Papru Ykpeng ensinou técnicas de rapel para escalada em árvores e coleta de sementes ainda nas copas.

Banco de Informações de Sementes

O II Encontro de Sementes Tradicionais da Amazônia aconteceu em Ouro Preto, Rondônia e reuniu todos os estados da amazônia legal, menos Roraima. Iolanda Dambros, assentada em Nova Mutum, MT, representou a região no encontro amazônico que aconteceu nos dias 23, 24 e 25 de abril.Os participantes apresentaram suas experiências, contaram de onde vêm e falaram das sementes que levaram para troca. No início de abril houve o encontro estadual em Pontes e Lacerda, Mato Grosso, realizado pelo GIAS (Grupo de Intercâmbio de Agricultura Sustentável) coordenado pela FASE (Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional). Lá representantes do assentamento Ribeirão Grande conheceram o BIS - Banco de Informações de Sementes. Os agricultores descreveram o banco que reune informações de onde se encontram sementes agrícolas usadas por comunidades tradicionais de toda a amazônia. Um grupo de mulheres chamadas de "animadoras" reúne dados sobre as sementes e sobre quem dispõe dessas sementes. De forma generosa e colaborativa as pessoas envolvidas levaram sementes para serem trocadas entre elas. "Junto com as sementes existem lendas, cantigas, hábitos alimentares, uma cultura que assegura a transmissão de conhecimentos que alicerçam a sustentabilidade" diz Pablo Marimon. As redes devem se ampliar e coexistir porque, nas palavras da Irmã Vera, da Comissão Pastoral da Terra "a semente tradicional é um instrumento de afirmação social que congrega fatores socioambientais culturais envolvendo as pessoas numa resistência consciente".