segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Monitores fortalecidos


Epifania Vuaden

O STRLRV realizou o Seminário de Formação de monitor@s, atividade do projeto Governança Florestal nas Cabeceiras do Xingu, nos dias 19 a 21 de fevereiro de 2008. Agricultor@s familiares, representantes dos municípios de Marcelândia, Peixoto de Azevedo, Cláudia, Nova Ubiratã, Feliz Natal, Vera, São José do Rio Claro, Nova Mutum, Alta Floresta, Lucas do Rio Verde estiveram presentes e participaram ativamente, contando seu trabalho nas comunidades. Além de realizar as atividades de capacitação que são sua função, @s monitor@s administraram projetos demonstrativos de alternativas ao desmatamento e as queimadas e agroextrativismo. Viveiros, semeadura direta de sementes florestais, transplante de mudas direto da mata, regeneração natural, apicultura, meliponicultura, extrativismo são parte do trabalho destes mobilizadores sociais e multiplicadores de práticas agrícolas que garantem a vida neste pedacinho de MT.

Monitor@s são heróis que têm a capacidade de gerenciar pequenos recursos financeiros, grandes problemas sociais e ambientais em suas comunidades. Estes heróis conseguem sobreviver em lugares distantes de hospital, escola, sem estrada, sem telefone ou qualquer outra forma moderna de comunicação e o mais admirável é que enquanto MT incendiava, eles não esmoreceram. O STRLRV deu colo aos filhos queridos em momento de grande perda e juntos continuamos coletando sementes, aumentando nossos viveiros, construindo casas do mel e caixas de abelhas e o mais importante: chamamos nossos parceiros e planejamos mais educação ambiental para 2008.

Rodrigo Marcelino, biólogo do ICV não quer mais vir aqui nos mostrar os focos de calor em nossos sítios, nós juntos vamos usar os dados do INPE e vamos implantar o Sistema de ALERTA DE RISCO de FOGO, vamos avisar as comunidades e os órgãos fiscalizadores. Atitudes serão tomadas pela sociedade civil organizada, respeitando nossas atribuições como cidadãos e cidadãs brasileiras, cuidadores deste pedacinho de Amazônia.

Os biólogos Luciana Ferraz e Tarcísio Santos, junto com o engenheiro florestal Pablo Morimom, nos mostraram o caminho para usarmos os recursos naturais de forma sustentável, propusemos um novo modelo econômico que inclui gente, floresta e os animais silvestres.

O grande momento do encontro foi o enfrentamento dos monitores e monitoras da bacia do Xingu com os órgãos públicos presentes (IBAMA, Ministério Público e INCRA). Os representantes estiveram conosco e marcamos datas para visitarmos as comunidades. As visitas terão um dia em cada comunidade, cada órgão mostrará qual a sua responsabilidade com os assentamentos. A comunidade estará mobilizada e saberá ouvir e questionar nosso trabalho e o trabalho do governo.

No final, Augusto Pereira nos provocou para a avaliação final "que bom, que pena e que tal".

Que bom:

  • Nossa família continua aqui e aumentou.
  • Viemos indignados e com proposta e mais comprometidos.
  • Este grupo continua e está cada vez mais forte, mais ousado e pode salvar muitas árvores, animais e gente.

Que pena:

  • A SEMA não veio, talvez por vergonha, por não entender a proposta ou será desconsideração?
  • Ainda precisarmos falar em punição, culpar os outros, sermos atingidos, sermos vítimas;
  • Não ter mais tempo para discutir produção e comercilização;
Que tal:
  • Não passar por mentiroso na minha comunidade,
  • Nosso planejamento seja executado
  • Que os órgãos compareçam
  • Confiarmos uns nos outros
  • Informar aos outros que este nosso grupo existe
  • Sermos mais ousados, sairmos às ruas
  • Acreditarmos na educação pela conscientização
  • Sermos referência e mostrar que é possível um 2008 sem incêndios
  • Pressionarmos o governo para que isso vire política pública
  • No ano que vem voltarmos ainda mais fortes

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Seminário de Formação de Monitores

Epifania R. Vuaden
Willian Gonçalves

O Seminário de Formação de Monitor@s será realizado na Sede do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lucas do Rio Verde De 19 a 21 de fevereiro. Este seminário é uma realização do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lucas do Rio Verde, é uma das atividades previstas no Consórcio da Governança Florestal nas Cabeceiras do Xingu, financiado pela União Européia.
Este seminário faz parte de um processo de capacitação continuada, cujo objetivo é oferecer ferramentas para as lideranças locais no sentido de fortalecer as instituições da sociedade civil organizada e para isso, realizarão várias atividades de capacitação em sete comunidades rurais do nortão de MT.
Vários temas serão tratados como cursos de manejo de resíduos sólidos com Rogério
Lara, da Sociedade Formigas de Alta-Floresta, um mini curso de manejo de recursos florestais não madeireiros com a bióloga Luciana Ferraz e Pablo Marimon, também o mini curso de manejo e criação de animais silvestres com Tarciso. Este é um espaço de troca de informações, idéias e experiências, como o desastre ocorrido em setembro de 2007, quando muitos assentados perderam suas plantações, matas e criações devido aos incêndios criminosos.
Novas propostas de políticas públicas, ambientais e sociais estão na pauta, no final os novos monitores já capacitados, estão prontos para dar inicio as atividades e cursos locais previstos dentro do projeto. O grande encaminhamento do evento é o planejamento de ações para a Prevenção de Incêndios Florestais em MT. Palno construído em conjunto pelo STRLRV, APROGER, GAPA, Associação Renascer, ICV, Formad, ISA, Associação Califórnia, IBAMA, SEMA, INCRA.

Informações:
STRLRV: 65 3549 2629

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Assembléia Geral Ordinária do FORMAD




Willian Gonçalves

Criado em 1992, o Formad – Fórum Mato-grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento tem por objetivo propor alternativas de desenvolvimento sustentável para a melhoria das condições de vida da população mato-grossense, através de debates sócio-ambientais e de politicas públicas, também promove a articulação entre as Ongs e entidades membros, democratizando assim informações. Sendo um espaço não só de debates, mas de representatividade da agricultura familiar, das comunidades índigenas e sociedade cívil como um todo, na luta pelos seus direitos, ambientais, cíveis e culturais.
A assembléia realizada pelo Formad, teve como foco o relato das avaliações dos projetos ambientais desenvolvidos pelas entidades e instituições participantes, também fez análises mais especificas de alguns projetos como o Pacto contra o desmatamento, o código ambiental e MT Floresta. A assembléia foi realizada nos dias 12 e 13 de fevereiro de 2008 em Cuiabá capital do Estado, na Sede do Sintep, e teve início às 08:00 horas do dia 12 e teve seu encerramento por volta das 18:00 horas do dia 13.
Desta forma o Fórum Mato-grossense de Meio Ambiente fez seu planejamento para o ano de 2008.

Saiba mais, acessando o site do FORMAD.

Campus Party Brasil 2008



Augusto Pereira


São Paulo
- Milhares de pessoas fazendo música, downloads, descobrindo games, numa velocidade de conexão que não existe no Brasil. O Campus Party é um pouco disso mas também é debate, produção de vídeos e um grande aprendizado para muitos participantes do Brasil inteiro. O evento promovido pela Telefônica também tem a participação de Pontos de Cultura, Casas Brasil e Telecentros, todos usando softwares livres.
A banda de internet (velocidade de conexão e de troca de informações) é fornecida aos inscritos via cabos e também via rede sem fio. "Esse espaço de troca e de diálogo entre ONGs, instituições públicas e privadas mostra que uma política pública de banda larga é possível. Basta iniciativa do poder público, como acontece em Piraí" diz Luciana Scuarcialupi, do Cultura Digital. Piraí, no Rio de Janeiro é uma cidade que oferece conexão pública sem fio em toda a área urbana, considerada modelo em política pública de internet.
Na abertura Gilberto Gil, o ministro, falou sobre parcerias entre o governo federal e iniciativas expontâneas da sociedade civil, junto com empresas. Em seguida, Gilberto Gil, o artista, cantou ao som de um sintetizador de som chamado rectable, sensação do evento. O Campus Party continua até o dia 17 de fevereiro.

Click aqui para saber mais...



sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Agricultor mostra como produzir conservando a floresta

31/01/2008
Lúcia Leão

Agricultores familiares de 15 municípios da região da BR-163 e da Bacia do Xingu em Mato Grosso - entre eles Alta Floresta, Nova Ubiratã, Juína e Vila Rica, incluídos na lista dos maiores desmatadores e sujeitos às rígidas regras de controle determinadas por decreto presidencial - demonstram, na prática, que é possível produzir na Amazônia e melhorar o padrão sócio-econômico de suas comunidades conservando a floresta e recuperando áreas degradadas. Quase todos assentados pelo INCRA, esses agricultores receberam apoio do Ministério do Meio Ambiente por meio do PDA/PADEQ, que investiu R$ 2,1 milhões no programa, para implantar sistemas de produção sustentáveis e criar uma rede de integração socioambiental. O trabalho começa a alcançar resultados, consolidados na publicação "Alternativas Econômicas Sustentáveis para a Agricultura Familiar".

A Rede BR-163/Bacia do Xingu é coordenada pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lucas do Rio Verde e congrega nove projetos demonstrativos. Iniciados com foco na prevenção e controle das queimadas florestais, há dois anos eles recebem apoio técnico e financeiro do MMA para buscar alternativas de produção agroflorestal - lavoura, fruticultura, mudas para reflorestamento e apicultura - e pecuária em pasto sustentável. São projetos pequenos que envolvem cerca de 500 famílias. Mas são exemplares, tanto para demonstrar a viabilidade de novas práticas e tecnologias de produção como para orientar políticas públicas.

"O poder público ainda tem poucos parâmetros para executar políticas de fomento para esse tipo de atividade. É preciso ter noção de custos, necessidade de investimentos, resultados, retorno econômico e social seja para conceder financiamento, para implantar infra-estrutura ou atender a qualquer outra necessidade daquelas comunidades. São essas informações, esses parâmetros, que estamos gerando nos projetos demonstrativos", explica o analista ambiental Rodrigo Noleto, um dos responsáveis pelo programa PDA/PADEQ.

Entre as experiências relatadas na publicação da Rede Br-163/Bacia do Xingu estão a de seis comunidades do município de Carlinda, que criam gado em pastos sustentáveis, compatível com a floresta, e conseguiram fazer o controle biológico da cigarrinha, praga que destroi o capim na região; a da produção de mel, associada à fruticultura no Assentamento Califórnia, da cidade de Vera; e à de produção de mudas no Projeto Loreta para reflorestar nascentes e margens de rios e promover a exploração agroflorestal nas áreas recuperadas. O relato de cada experiência é acompanhado de informações básicas sobre a técnica utilizada pelos agricultores.

"O mais difícil, numa iniciativa dessa, é mudar a prática das pessoas, mostrar que elas podem fazer diferente. Plantar, criar animais, tirar seu sustento da terra de forma sustentável. Por isso, é importante alguém receber apoio para fazer primeiro e provar que dá certo", acredita Nilfo Wandscheer, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Lucas do Rio Verde.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Primo do governador Blairo Maggi utiliza trabalho degradante

JOÃO CARLOS MAGALHÃES da Agência Folha

RODRIGO VARGAS da Agência Folha, em Campo Grande

O grupo móvel do Ministério do Trabalho libertou 41 trabalhadores rurais submetidos a condições degradantes em uma fazenda de Tapurah (477 km de Cuiabá) arrendada pelo grupo Bom Futuro para o plantio de soja e algodão, que tem como um de seus donos Eraí Maggi, primo do governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (MT-PR).

O grupo encontrou trabalhadores em alojamentos precários, usando banheiros em péssimas condições higiênicas e manipulando produtos químicos sem proteção. Quando o agrotóxico era jogado por aviões sobre as plantações, os funcionários eram atingidos.

O Bom Futuro deve ser autuado pelas irregularidades, o que gerará multa e um processo administrativo, no qual a empresa pode se defender. Se for considerada culpada, ela é incluída na chamada "lista suja", índice que concentra as propriedades onde foi encontrado trabalho análogo à escravidão.

José Pedro dos Reis, procurador-chefe do Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso, participou da ação em Tapurah no último dia 18 e afirmou que, apesar de a empresa "ser bem estruturada", havia uma "discriminação" entre os funcionários. Os que ficavam na fazenda tinham boas condições para trabalhar, diferentemente dos que iam para o campo --como os libertados.

"Eles dormiam numa construção de madeira, uns dez homens enfiados num cubículo, deitados em colchões velhos e podres, uma salinha muito abafada e com um cheiro muito ruim", afirmou. "Até os representantes da empresa ficaram abismados com o que viram, mal conseguiram entrar no alojamento devido ao fedor."

Quando estavam na frente de trabalho, para cumprir jornadas de até 12 horas diárias, arrancando raízes ou descarregando cargas, esses funcionários eram obrigados a usar a mata como banheiro e se limpavam com o que havia à mão.

Na hora de comer, afirmou Reis, muitas vezes abriam suas marmitas com as mãos ainda sujas de agrotóxicos. Eles não usavam luvas ou botas ao manipular o produto. Uma vez terminada a jornada, tomavam banho em locais imundos, tomados por lodo e dejetos. "Eles reclamaram muito também da falta de proteção e de lugar para comer", disse Pedro dos Reis. Alguns libertados ficaram na região. Outros voltaram a seus Estados (Maranhão e Piauí).

O procurador afirmou que a empresa está com "boa vontade" e considerou a situação uma "negligência dos administradores". "Já vimos lugar muito pior." O procurador disse que foram pagos R$ 110 mil aos libertados, pelos direitos trabalhistas e por danos morais.

O Bom Futuro é um dos maiores produtores de soja e algodão do Estado. Eraí Maggi disse que o grupo já fez diversas melhorias no local. A Amaggi, uma das maiores beneficiadoras de grãos do mundo e da família do governador, disse não poder esclarecer a relação entre as duas empresas. Blairo não soube dizer se sua empresa faz negócios com o primo.

sexta-feira, 11 de janeiro de 2008

Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente de Lucas usa agrotóxicos em área urbana.

Augusto Pereira

A cena é difícil de acreditar: num terreno baldio rodeado de casas e estabelecimentos comerciais dois homens aplicam dessecante sobre o mato que sempre cresce em período de chuva. Mais difícil de acreditar é o fato de que a aplicação de agrotóxico é uma ação da Secretaria de Meio Ambiente e Agricultura de Lucas do Rio Verde. A aplicação se deu no início da tarde de chuva e vento nesta sexta-feira, 11 de janeiro. Lucas do Rio Verde ficou famosa na imprensa nacional pelo incidente com agrotóxicos em março de 2006 quando por uma aplicação sem controle toda a cidade foi atingida por resíduos de dessecante.

Os venenos dessecantes provocam o ressecamento de folhagens e é usado para apressar a colheita da soja. A aplicação é regulamentada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), e para o tipo de veneno aplicado em Lucas, o dessecante, é necessário uma distância mínima da área urbana e de cursos de água. Além disso as condições de vento e aquipamentos de proteção individual são necessários.

Em 2006 com o incidente químico em Lucas do Rio Verde foi feita a denúncia ao ministério público. Os responsáveis pela aplicação e pela fiscalização ficaram de ser apurados, mas até hoje os prejuizos ficaram com os pequenos agricultores que perderam toda a produção.

A administração de Lucas do Rio Verde tem falado com orgulho do projeto ambiental Lucas do Rio Verde Legal, de responsabilidade da Secretaria de Meio Ambiente. O projeto visa a regularização de todas as propriedades rurais para que fiquei de acordo com o Código Florestal.

Ao mesmo tempo em que é feita a divulgação do projeto de recuperação do passivo ambiental (no que tange a cobertura vegetal nativa) acontece também outro projeto de foco ambiental. Wanderley Pignati, mestre em saúde pública da UFMT coordena a pesquisa de dados sobre a quantidade de agrotóxicos presentes nos cursos d'água, alimentos, solo e subsolo na cidade. A pesquisa é realizada por pesquisadores das universidades federais de Mato Grosso (UFMT), Mato Grosso do Sul (UFMS) e de Brasília (UnB), sob a coordenação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Mesmo diante dos acontecimentos a Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente do município continua a ignorar o problema, repetindo o erro em escala concentrada e dentro do município.



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