A cena é difícil de acreditar: num terreno baldio rodeado de casas e estabelecimentos comerciais dois homens aplicam dessecante sobre o mato que sempre cresce em período de chuva. Mais difícil de acreditar é o fato de que a aplicação de agrotóxico é uma ação da Secretaria de Meio Ambiente e Agricultura de Lucas do Rio Verde. A aplicação se deu no início da tarde de chuva e vento nesta sexta-feira, 11 de janeiro. Lucas do Rio Verde ficou famosa na imprensa nacional pelo incidente com agrotóxicos em março de 2006 quando por uma aplicação sem controle toda a cidade foi atingida por resíduos de dessecante.
Os venenos dessecantes provocam o ressecamento de folhagens e é usado para apressar a colheita da soja. A aplicação é regulamentada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), e para o tipo de veneno aplicado em Lucas, o dessecante, é necessário uma distância mínima da área urbana e de cursos de água. Além disso as condições de vento e aquipamentos de proteção individual são necessários.
Em 2006 com o incidente químico em Lucas do Rio Verde foi feita a denúncia ao ministério público. Os responsáveis pela aplicação e pela fiscalização ficaram de ser apurados, mas até hoje os prejuizos ficaram com os pequenos agricultores que perderam toda a produção.
A administração de Lucas do Rio Verde tem falado com orgulho do projeto ambiental Lucas do Rio Verde Legal, de responsabilidade da Secretaria de Meio Ambiente. O projeto visa a regularização de todas as propriedades rurais para que fiquei de acordo com o Código Florestal.
Ao mesmo tempo em que é feita a divulgação do projeto de recuperação do passivo ambiental (no que tange a cobertura vegetal nativa) acontece também outro projeto de foco ambiental. Wanderley Pignati, mestre em saúde pública da UFMT coordena a pesquisa de dados sobre a quantidade de agrotóxicos presentes nos cursos d'água, alimentos, solo e subsolo na cidade. A pesquisa é realizada por pesquisadores das universidades federais de Mato Grosso (UFMT), Mato Grosso do Sul (UFMS) e de Brasília (UnB), sob a coordenação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Mesmo diante dos acontecimentos a Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente do município continua a ignorar o problema, repetindo o erro em escala concentrada e dentro do município.
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