sexta-feira, 10 de julho de 2009

Rede de Sementes do Xingu reune-se na Gleba Entre Rios


Augusto Pereira - ICV

Nesse fim de semana, dias 4 e 5 de julho, agricultores e técnicos participaram do Encontro da Rede de Sementes do Xingu na BR 163. O encontro foi realizado no assentamento Entre Rios, em Nova Ubiratã, por sugestão dos próprios participantes.

Durante dois dias conheceram experiências de recuperação de mata ciliar, produção de sementes crioulas e foram recebidos nos sítios de Marçal Ribeiro e Luir Garbin. No barracão da Aproger (Associação dos Produtores Rurais da Gleba Entre Rios) aconteceram reuniões para planejar o funcionamento dessa rede que guardará sementes para troca e comercialização.

No primeiro dia Vinícius Oliveira falou da casa de sementes da comunidade Jacaminho e Iolanda Dambros falou da rede de sementes de que já participa, animada pelo Gias (Grupo de Intercâmbio da Agricultura Sustentável).

Cada agricultor presente já era um cuidador de sementes, guardava sementes de árvores, mudas, ramas de mandioca, milho crioulo e guarda o conhecimento da germinação e desenvolvimento de cada uma delas. No assentamento Entre Rios o trabalho de cuidar da natureza e da agricultura é ajudado no ar por abelhas que fazem o valioso serviço de misturar o pólen das flores. A apicultura é uma forma de renda e conservação em várias das comunidades envolvidas.

Enquanto isso, na terra firme, as agricultoras e agricultores planejaram onde serão guardadas essas sementes e quem é responsável por isso nas comunidades. Todos se comprometeram em fazer reuniões e repassar o que foi decidido no encontro. José Nicola da Costa, animador da Rede de Sementes no outro lado da Bacia do Xingu, no entorno da BR 158, falou de critérios para ser um coletor de sementes com condições de trocar e vender. A demanda por sementes cresce com a necessidade de recuperação das áreas degradadas em Mato Grosso. Para Nicola “a participação das mulheres desse lado do Xingu me surpreendeu. As pessoas usam música, são calorosas.”

Segundo Nicola, na BR 158 já tem dois anos de experiência, mas a intenção é que os dois lados caminhem juntos. Epifânia Vuaden, uma das organizadoras do evento, disse que foi um dos melhores eventos já realizados pelas comunidades rurais na região da BR 163. O STR de Lucas do Rio Verde entrou com recurso do projeto de Rede de monitoramento socioambiental dos projetos PDA/PADEQ, e todos os parceiros ajudaram de alguma forma. “Esse encontro foi possível porque vários parceiros realizaram juntos”, diz Epifânia.

No encerramento, com a Lua já no céu escurecendo, Maria Maia cantou uma de suas composições e todos a acompanharam. Maria é assentada em Peixoto de Azevedo e compõe músicas que falam da terra e da frágil relação das pessoas no ambiente. Ao final plantaram uma muda de pequi rodeada de sementes.

Também colaboraram o Instituto Centro de Vida, Instituto Socioambiental, a Associação dos Produtores Rurais da Gleba Entre Rios, o Instituto Ouro Verde, a Associação dos Agricultores Familiares Extrativistas da Ribeirão Grande, Instituto Socioambiental, Associação do PA Califórnia, GT Univida do Ena, Associação Renascer do PA Cachimbo, Assentamento Tupã, Pastoral da Juventude Rural e Movimento dos Trabalhadores Sem Terra.